A informação foi dada pelo gerente geral da FlixBus em Portugal e vice-presidente para a Europa Ocidental, Pablo Pastega, em uma reunião com jornalistas em Lisboa.

A multinacional alemã, que entrou em Portugal em 2017, registou um volume de negócios de 90,6 milhões de euros no ano passado, pelo que as perdas estimadas com o que chama de “bloqueio ilegal” do acesso ao terminal de Sete Rios, “o maior e mais importante” do país, representam quase 15%.

“Isso representa um enorme dano econômico para a FlixBus, mas também afeta os passageiros, que são forçados a viajar em condições piores do que poderiam”, disse Pablo Pastega, acusando a Rede Expressos de um “monopólio”.

Em 2023, a FlixBus apresentou uma queixa formal à Autoridade de Mobilidade e Transporte (AMT) por recusar o acesso ao terminal de Sete Rios, operado pela Rede Nacional de Expressos, e em maio deste ano, o regulador ordenou um acesso justo e não discriminatório a essa infraestrutura.

A AMT considerou que “o esgotamento da capacidade do terminal não foi comprovado e a existência da capacidade disponível foi confirmada”, e que o gestor deve, portanto, “fornecer acesso ao terminal, dentro do horário disponível, o que não pode ser negado, a todos os operadores que o solicitem”, apontando que as violações dessas regras “constituem infrações administrativas”.

“Ao mesmo tempo em que negam nossos pedidos, notamos um aumento nos serviços operados pela Rede Expressos”, denunciou a FlixBus, dando os exemplos dos terminais de Caldas da Rainha (distrito de Leiria) e Fátima (Santarém).

A empresa de transporte, que opera na Europa, Estados Unidos e Ásia, disse não entender como, seis meses depois, a decisão ainda não havia sido efetivamente implementada, e afirmou que “Lisboa é a única capital europeia onde não tem acesso ao terminal principal da cidade”.

“Se tivermos que ir à Comissão Europeia e ao Tribunal de Justiça da União Europeia para cumprir uma decisão da AMT, faremos isso, mas gostaríamos que as autoridades portuguesas agissem”, disse Pablo Pastega.

Em 6 de novembro, a empresa organizou uma ação simbólica pela livre mobilidade em Sete Rios, com cerca de meia centena de pessoas vestidas com as cores da marca e carregando bagagem.

Para 2026, o plano da empresa é continuar expandindo e conectando capitais distritais fora do eixo Lisboa-Coimbra-Porto e já está adicionando destinos onde não havia serviço expresso antes da abertura do mercado à concorrência no final de 2019, como Vila do Conde (Porto) e Mealhada (Aveiro).

Uma das grandes apostas para o próximo ano será em Leiria, que terá um novo terminal público, permitindo à FlixBus quase triplicar sua operação naquele local.

“Com Sete Rios, temos mais opções de crescimento. No momento, nossas capacidades de crescimento são limitadas”, enfatizou Pablo Pastega

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