Em entrevista ao Público e à Renascença, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse que o prazo de dois anos para o reagrupamento familiar será mantido e explicou: “O que o Tribunal Constitucional diz é que existem certos grupos de cidadãos que exigem um prazo mais curto ou uma consideração diferente”.
“Buscaremos soluções equilibradas, mantendo a regra geral de dois anos”, acrescenta Leitão Amaro.
Em agosto, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou a proposta de nova lei sobre estrangeiros, depois de o Tribunal Constitucional ter considerado inconstitucionais cinco disposições da lei, aprovadas pelos partidos AD e Chega.
Os juízes derrubaram a regra que autorizava a reunificação familiar apenas para menores, sem seus cônjuges; o período mínimo de residência de dois anos; o tempo mínimo para análise dos pedidos; e a exigência de cumprir as medidas de integração.
Na entrevista, divulgada hoje, o governador diz que a lei de devolução tem “um conjunto de procedimentos excessivamente longos”.
“Por exemplo, há duas fases administrativas diferentes e, em ambas, um período de abandono voluntário. Os recursos sempre têm um efeito suspensivo. Os prazos são muito longos”, reflete
.Ele argumenta que todas essas questões precisam ser ajustadas, “de acordo com as novas regras europeias”, para que as pessoas “tenham a oportunidade de se defender, de serem ouvidas e para que os retornos possam ser realizados rapidamente quando as pessoas não cumprem as regras”.
Ele revela que, em outubro, o governo levará esse assunto ao Conselho Nacional de Migração e Asilo e, só então, aprovará o projeto de lei, com “mais rapidez processual” e menos atrasos e fases administrativas.
“Sempre preservando direitos, proibindo retornos a países onde os direitos fundamentais não são garantidos, impedindo remoções e retornos em massa, protegendo menores desacompanhados, com toda a cautela e respeito pelos direitos fundamentais das pessoas”, acrescenta o ministro.
Ele insiste que Portugal precisa de um processo mais rápido, enfatizando: “Aqueles que cumprem devem ser apoiados em seu processo de integração; aqueles que não cumprem devem enfrentar consequências e ser removidos”.
Quando questionado sobre as declarações de Rui Armindo Freitas, Secretário de Estado Adjunto da Presidência e Imigração, que anunciou em junho que 40.000 cidadãos seriam notificados para expulsão, ele diz que as notificações “estão em andamento”, mas que o número dado se refere a pedidos rejeitados, “que gradualmente levarão a notificações de abandono”.
“As notificações de abandono já emitidas estão entre 10.000 e 15.000”, revelou.