Numa análise preliminar aos incêndios deste ano, a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais(AGIF) diz que 2025 foi o quarto pior ano desde 2001 em termos de área ardida, totalizando 270 mil hectares, com as regiões Norte e Centro a serem as mais afectadas.
Por sua vez, segundo a AGIF, o número de incêndios mantém-se "significativamente abaixo" da média histórica, com 8.284 fogos este ano.
Os dados preliminares mostram ainda que, durante o último verão, houve 44 incêndios com mais de 500 hectares de área ardida, com 21 no Norte, 17 no Centro, cinco no Alentejo e um no Algarve, o que representou apenas 0,5% do número de fogos, mas 91% da área ardida.
A AGIF refere uma "redução significativa" do número de incêndios entre 2001-2017 e 2018-2024 e um "aumento assinalável" dos incêndios de grandes dimensões em 2025, destacando seis fogos com mais de 10 mil hectares que representaram 59% da área ardida deste ano.
A agência indica ainda que dados preliminares, devido a investigações em curso, apontam para uma "diminuição acentuada do número de incidentes envolvendo o uso de fogo e fogo posto" desde 2017. No entanto, em comparação com 2024, os incêndios criminosos aumentaram 16% este ano.
Fogo posto
Dos incêndios que deflagraram este ano e já foram investigados, 34% foram causados por fogo posto, 11% por investigações inconclusivas, 9% por queimadas controladas, 9% por máquinas agrícolas e 5% por causas naturais - raios, como foi o caso do maior incêndio deste ano, que durou 12 dias e começou em Arganil a 13 de agosto.
A AGIF destaca ainda que os incêndios acidentais registaram um aumento de 65% este ano (2025) em relação a 2024.
A análise preliminar indica ainda que 56% da floresta ardida foi em áreas de pinheiro bravo e outras resinosas, 23% em áreas de sobreiro, azinheira e outras folhosas e 19% em plantações de eucalipto. Para além disso, um quinto ardeu em áreas de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) e 34.000 hectares da Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), o que representa 4% da sua área total.
Emissões de carbono
O documento aponta que as emissões de carbono resultantes dos incêndios de 2025 são bastante significativas, totalizando 3,6 milhões de toneladas, o dobro da média histórica (2003-2024).
Os dados preliminares mostram ainda que 2025 é o quinto ano mais severo em termos de condições meteorológicas, com o mês de agosto a ser particularmente severo e a registar o maior período de dias consecutivos com condições propícias a grandes incêndios desde 2001, concretamente 29 dias, entre 23 de julho e 20 de agosto.
"Em média, 68% da área ardida anual e 92% dos mega-incêndios (mais de 5.000 hectares) resultam de ignições em dias críticos (com maior severidade meteorológica), evidenciando a importância de comportamentos preventivos nestes dias", lê-se na análise, que sublinha o "aumento significativo" de reacendimentos em 2024 e 2025.
A AGIF refere ainda que, em 2025, o número de grandes incêndios e a área ardida estarão muito acima das metas definidas no Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais.
Os incêndios deste ano já provocaram seis mortos, quatro bombeiros e dois civis.







