O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) apelou aos países da União Europeia para que acelerem os esforços de vacinação, uma vez que os casos de gripe estão a surgir três a quatro semanas mais cedo e a circulação está a ser impulsionada por uma nova estirpe da gripe A (H3N2), subtipo K.
Comentando este alerta do ECDC à agência Lusa, e fazendo um ponto de situação sobre a situação epidemiológica em Portugal, a diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, afirmou que já se observa um aumento de casos, tendo em conta alguns indicadores sentinela em Portugal, como o número de doentes que procuram os serviços de urgência por sintomas gripais.
"Já estamos a começar a ver um aumento, mas ainda não muito rápido, o que significa que a nossa epidemia de gripe também deverá começar mais cedo, como também estamos a ver noutros países europeus", sublinhou.
Relativamente à vacinação contra a gripe, Rita Sá Machado afirmou que a taxa de vacinação deste ano é "muito semelhante" à observada noutras épocas, com cerca de dois milhões de pessoas vacinadas desde 23 de setembro.
No entanto, sublinhou que "ainda não é suficiente" para ter "uma boa cobertura" dos elegíveis para a vacinação, alertando que "as próximas duas semanas são essenciais para vacinar os que ainda não foram vacinados".
A diretora-geral da Saúde explicou que, a partir desta altura, Portugal começa a viver uma epidemia ou "vê os indicadores crescerem a um ritmo mais acelerado", sendo necessário proteger a população.
"Ritmo mais acelerado"
"Por isso, a vacinação nas próximas duas semanas tem de ocorrer, de facto, a um ritmo ainda mais acelerado do que aquele que temos verificado nas últimas semanas", defendeu.
Em relação à nova estirpe da gripe A (H3N2 K), subtipo K, o diretor-geral da Saúde esclareceu que esta não foi a estirpe predominante na época anterior nem no Hemisfério Sul, pelo que a vacina deste ano não contém predominantemente esta estirpe, mas sublinhou que a vacina continua a ser essencial porque confere sempre alguma proteção.
"Claro que seria essencial se tivéssemos exatamente a estirpe que está a circular (...) mas outras estirpes vão circular e, portanto, é muito importante que as pessoas se vacinem", defendeu.
Rita Sá Machado sublinhou que a proteção conferida pela vacina é importante para reduzir as complicações da doença e a sobrecarga dos serviços de saúde.
Questionada sobre eventuais faltas de vacinas, a responsável garantiu que não há dificuldades no acesso à vacinação nas unidades locais de saúde para a população elegível (maiores de 60 anos, doentes crónicos, grávidas e crianças entre os seis meses e os cinco anos de idade).
Ela também observou que uma pessoa que deseja ser vacinada, mas não está dentro da população elegível, pode ser avaliada por um médico que pode então prescrever uma vacina contra a gripe.
"Há 3.500 pontos de vacinação em todo o país e, portanto, a vacinação é uma grande ferramenta que temos", disse, recomendando também boas práticas de prevenção que "já vêm da pandemia", como a lavagem das mãos, a etiqueta respiratória e a ventilação dos espaços.
Recomendou ainda o uso de máscaras cirúrgicas para quem tiver qualquer tipo de sintomatologia.
De acordo com o ECDC, numa época típica, a gripe causa uma morbilidade substancial na população europeia, com até 50 milhões de casos sintomáticos e 15.000 a 70.000 mortes por ano.
Portugal registou 1.609 mortes em excesso durante a epidemia de gripe de dezembro de 2024 a janeiro de 2025, período que coincide com a epidemia de gripe e temperaturas extremas, afectando principalmente mulheres e pessoas com mais de 85 anos.








