"Temos atualmente cerca de 75 mil argentinos a visitar Portugal por ano. Pretendemos chegar aos 100 mil até ao final de 2026 e duplicar esse número nos dois ou três anos seguintes", disse à Lusa Lídia Monteiro, diretora do Conselho de Administração do Turismo de Portugal, durante a abertura da Feira Internacional de Turismo(FIT) de Buenos Aires, a maior da América Latina e terceira maior do mundo.

Até dia 30, Portugal tem a oportunidade única de aproveitar a montra que é ser o país convidado do evento argentino.

"Esperamos que o facto de sermos o país convidado desta feira desperte a curiosidade do mercado argentino sobre Portugal e, consequentemente, aumente o número de viajantes da Argentina para o nosso país", afirma Monteiro, enquanto os visitantes da feira descobrem queijos e doces no stand português.

O caminho para a meta de pelo menos 200 mil turistas argentinos começa na FIT2025 e parece ser um número conservador, dado o terreno relativamente intocado para as autoridades de turismo de Portugal, que estão mais familiarizadas com o Brasil nesta região.

"Poderão ser mais de 200 mil, porque acreditamos verdadeiramente que este é um mercado com o qual os laços culturais já são fortes, incentivando os argentinos a interessarem-se por visitar Portugal", admite.

Ao lado de Lídia Monteiro, o coordenador da instituição para a América do Sul, Bernardo Barreiros Cardoso, ambiciona números ainda maiores.

"Quero chegar a um milhão de turistas argentinos em Portugal num prazo de 10 anos. É um número razoável, tendo em conta que Espanha recebe 2,5 milhões de argentinos, mesmo aqui ao lado. É uma questão de trabalhar bem este mercado", acredita.

Novos voos

As datas poderão ser antecipadas se as autoridades portuguesas conseguirem ultrapassar o desafio de estabelecer um voo direto entre Lisboa e Buenos Aires, que atualmente não existe. Todos os esforços diplomáticos apontam para aTAP.

"Sim, é um grande desafio, sem dúvida. A sua concretização dependerá do volume da conetividade em si (frequência de voos e capacidade dos aviões), mas temos sempre de considerar que a conetividade aumenta diretamente o fluxo turístico em pelo menos 25%. E sabemos que o turismo tem um impacto indireto na economia, estimulando outros negócios", explica Lídia Monteiro.

A outra alternativa seria conseguir que a estatal Aerolíneas Argentinas ligasse Buenos Aires a Lisboa, mas a empresa está a passar por uma profunda reestruturação interna, com falta de aviões e até planos de privatização. Contactado pela Lusa, o presidente da Aerolíneas Argentinas, Fabián Lombardo, descartou para já a possibilidade de um voo direto.

Esta é a primeira vez que Portugal participa na Feira Internacional de Turismo da América Latina, trazendo treze empresas de turismo (agências, operadores turísticos e hotéis), além de três regiões do país representadas (Porto/Norte, Alentejo e Centro).

"Logo que fomos escolhidos como país convidado, as empresas portuguesas demonstraram grande interesse pelo mercado argentino. Estamos a iniciar uma relação comercial que representa um grande desafio para estas empresas", observa Lídia Monteiro.