"É com grande consternação que sabemos que o principal suspeito, que foi encontrado morto, é um cidadão português. Isso é também algo que obviamente nos causa grande tristeza e consternação", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, em declarações à Lusa.
O chefe da diplomacia portuguesa disse "lamentar profundamente" as mortes provocadas nos dois atentados e também que "haja um cidadão português envolvido na prática de crimes desta natureza, que são crimes altamente condenáveis, censuráveis, verdadeiramente terríveis para as vítimas e para as suas famílias".
Rangel indicou ainda que as autoridades norte-americanas têm estado em contacto com Portugal, que tem prestado "uma cooperação muito significativa", mas sublinhou que "as investigações estão longe de terminar".
Este caso levou a administração de Donald Trump a suspender o programa de vistos ('green card'), que permitia a entrada do suspeito nos Estados Unidos - uma decisão que Paulo Rangel disse respeitar.
"As reacções da administração norte-americana são [tomadas] no exercício da sua soberania e são aquelas que considera adequadas para lidar com situações que são de preocupação muito legítima", disse.
O português Cláudio Neves Valente, antigo estudante da Universidade de Brown, foi encontrado morto na noite de quinta-feira com um ferimento de bala auto-infligido, anunciou o chefe da polícia de Providence, Oscar Perez, numa conferência de imprensa.
De acordo com a investigação, o suspeito agiu sozinho.
Os investigadores acreditam que o homem é responsável pelo ataque na Universidade de Brown no sábado e pelo assassinato do professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts(MIT) Nuno Loureiro, que foi morto a tiro na sua casa em Brookline na segunda-feira, de acordo com a procuradora federal de Massachusetts Leah B. Foley.
Duas pessoas morreram e nove ficaram feridas no tiroteio na Universidade de Brown.
Valente e Loureiro frequentaram o mesmo curso académico numa universidade em Portugal entre 1995 e 2000, acrescentou Foley.
Loureiro, que cresceu em Viseu, licenciou-se e fez investigação no Instituto Superior Técnico(IST) em Lisboa.
O cidadão português obteve o estatuto de residente permanente legal nos EUA em 2017.
Cartões verdes
O programa de vistos, conhecido como 'green cards', disponibiliza até 50.000 vistos anualmente, através de um sistema de lotaria, a pessoas de países sub-representados nos Estados Unidos, muitos deles em África.
Trump há muito que se opõe a este programa e ao sistema de lotaria, que foi criado pelo Congresso dos EUA. Cerca de 20 milhões de pessoas inscreveram-se na lotaria de 2025, tendo sido selecionadas mais de 131.000, incluindo os cônjuges.
Depois de selecionados, devem submeter-se a um processo de verificação para entrar nos Estados Unidos, que inclui uma entrevista nos consulados e os mesmos requisitos que os outros requerentes de visto.
No ano passado, os cidadãos portugueses conseguiram apenas 38 vagas.






