Há cada vez mais crianças a frequentar creches e cada vez mais vagas disponíveis, mas ainda há regiões onde as famílias continuam a ter dificuldade em encontrar uma solução, revela o relatório 'Balanço Anual da Educação 2025', um trabalho de investigação desenvolvido pelo Edulog, o 'think tank' para a Educação da Fundação Belmiro de Azevedo.
Entre 2018 e 2023, o número de crianças de até três anos matriculadas em creches cresceu 13,8%. O acesso democratizou-se com o programa gratuito Creche Feliz, lançado em 2022, dizem os investigadores, mostrando que há agora uma maior proporção de alunos cujos pais não têm ensino superior, "um sinal da rápida diversificação do contexto socioeconómico e do capital cultural das famílias".
"A taxa de cobertura aumentou, mas as creches continuam a não ser para todos", alerta o estudo hoje divulgado, que mostra que apenas 48% das crianças com menos de três anos estavam inscritas em 2023, ano em que a taxa de cobertura atingiu os 55%, com 130.787 lugares disponíveis.
Das mais de 130.000 vagas, apenas 87% estavam efetivamente ocupadas, porque a procura nem sempre corresponde à oferta. As famílias que mais sentem este desfasamento são as das regiões de Lisboa e Porto, bem como as do sudoeste alentejano e do Algarve.
O estudo alerta ainda para possíveis falhas na qualidade pedagógica destes profissionais, uma vez que apenas cerca de 6% do currículo da licenciatura em Educação Básica é dedicado à faixa etária das crianças com menos de três anos.
Esta análise, que analisa a Educação desde a creche até ao ensino superior, conclui que as famílias têm cada vez mais acesso ao sistema educativo e que as taxas de participação em todos os níveis de ensino continuam a aumentar.
A educação universal está mais perto de se tornar uma realidade tanto na educação infantil como no ensino básico e secundário: Todas as crianças entre os 6 e os 14 anos já estão a frequentar o ensino básico e cerca de 90% dos jovens em idade regular estavam matriculados no ensino secundário no ano letivo de 2022/2023.
No entanto, os investigadores apontam que ainda existem "desequilíbrios territoriais e socioeconómicos", uma vez que a oferta está concentrada nos grandes centros urbanos e continua a haver "falta de resposta em regiões de baixa densidade populacional".
No pré-escolar, 94% das crianças dos três aos cinco anos estavam inscritas numa escola, com as escolas do centro a registarem a maior percentagem de crianças no pré-escolar (99,9%), seguidas da Região Autónoma da Madeira (98,3%) e do Alentejo (98,1%), em contraste com a Península de Setúbal, onde a taxa de escolarização é a mais baixa do país (83,1%).








