"A França está numa situação de grande dificuldade financeira, tem uma dívida pública enorme que continua a crescer, não tem sido capaz de controlar as finanças públicas, e a perceção de risco na República Francesa pode potencialmente ter efeitos de contágio numa economia como a portuguesa, que também é muito dependente da economia francesa", disse Nazaré da Costa Cabral, numa audição no parlamento, no âmbito da proposta de Orçamento do Estado para 2026 (OE2026).

A responsável sublinhou que não se pode "ser complacente ou relaxado em relação à situação fiscal e financeira" do país, que, apesar de tudo, "não é tão forte como a de França".

"Não temos nada contra a redução da carga fiscal, em princípio, mas enquanto não tivermos um controlo efetivo sobre o comportamento da despesa corrente primária do Estado, pode ser imprudente, neste contexto complexo, mesmo do ponto de vista financeiro, fazer reduções estruturais da receita pública", defendeu ainda o presidente do CFP.

A situação em França é um dos riscos identificados pelo CFP, nomeadamente a possível volatilidade no mercado da dívida devido à situação em França, que poderá "potencialmente aumentar os custos" e ter um efeito de contágio.

Esta segunda-feira, o primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, não conseguiu reunir todos os grupos políticos para procurar um consenso sobre o orçamento para 2026, complicando o cenário para a continuação do seu governo.