A Galp, refere a associação em comunicado, não só continua a liderar a lista das empresas mais poluentes como aumentou as suas emissões em 11%.
Com base nos dados da Comissão Europeia sobre o registo de emissões associadas ao Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), o ranking das entidades mais poluentes da Zero é composto maioritariamente pelos sectores da refinação, energia e cimento, bem como pela TAP, que subiu para o segundo lugar da lista (de terceiro no ano passado).
No entanto, em termos globais, verificou-se uma redução das emissões de dióxido de carbono (CO2), o principal gás com efeito de estufa causador das alterações climáticas, nomeadamente devido à diminuição das emissões das centrais eléctricas a gás natural de origem fóssil, principalmente na Tapada do Outeiro, mas também no Pego, devido ao aumento da quota das energias renováveis.
O top 10 dos poluidores no ranking de 2024 é, assim, dominado pela Petrogal - Refinaria de Sines, seguida da TAP, da Cimpor - Alhandra e da Cimpor - Souselas, em terceiro e quarto lugares, respetivamente, e da Secil - Outão, a meio da tabela.
Em sexto lugar está a Elecgás - Central de Ciclo Combinado do Pego, seguindo-se a CMP, as cimenteiras, a Fábrica Maceira-Liz, e em oitavo lugar a EDP - Central Termoeléctrica de Lares. A Lusical - Indústria Mineral - Calcinação de Calcário - Produção de Cal Não Hidráulica - ocupa o nono lugar na lista das fábricas mais poluentes e a Turbogás, central de ciclo combinado da Tapada do Outeiro, ocupa o 10º lugar.
Relativamente a 2023, as alterações mais significativas são as reduções significativas das emissões das centrais térmicas a gás natural de origem fóssil. A Turbogás, na Tapada do Outeiro, era a segunda no ranking anterior e agora é a 10ª, e a Elecgás (Pego) era a quarta e passou para a sexta.
Na análise dos dados, a Zero destaca a refinaria de Sines da Petrogal por dominar o ranking pelo quarto ano consecutivo.
O valor alcançado pelo sector da refinação "mostra o peso muito significativo e crescente dos combustíveis fósseis na nossa economia e nas emissões poluentes; a GALP continua a ser uma empresa focada na exploração e produção de combustíveis fósseis, com mais de seis vezes e meia o seu investimento dedicado aos mesmos face ao investimento em renováveis", refere a Zero no comunicado.
Entre 2023 e 2024, as emissões atingiram cerca de 2,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono, um aumento de 11% (cerca de 270 mil toneladas), representando quase 5% das emissões líquidas totais de Portugal em 2023 (para comparação).
A TAP registou um ligeiro aumento das emissões, de um por cento, mas subiu para o segundo lugar devido à diminuição de 80% das emissões da Tapada do Outeiro. As emissões do conjunto das três centrais de gás natural desceram de 2,7 milhões de toneladas em 2023 para 1,1 milhões em 2024.
Contabilizando as emissões totais das 10 unidades mais poluentes, registou-se uma redução das emissões de 9,5 milhões de toneladas (em 2023) para 8,5 milhões de toneladas em 2024, uma diminuição de 11%. A redução entre 2022 e 2023 havia sido de 14%.
De acordo com a lista, para além dos aumentos na refinaria de Sines (mais 11%) e na TAP (mais 1%), a Cimpor Alhandra aumentou 24%, Souselas 3% e a Secil no Outão 4%.
As restantes cinco registaram uma redução das emissões. A Elecgás (Pego) baixou 47%, a CMP Maceira 1%, a EDP 9%, a Lusical 3% e a Turbogás 80%.
O CELE (Consumo Eletrónico de Energia) inclui as principais unidades de sectores fortemente poluentes, como as centrais térmicas, a refinação, o cimento, a pasta de papel e o vidro, entre outros. Em Portugal, 136 empresas declararam emissões em 2024 no âmbito do CELE.
No caso das centrais térmicas que utilizam combustíveis fósseis, todas as licenças de emissão têm de ser adquiridas (compradas em leilão), enquanto nos outros sectores, uma grande parte das licenças é oferecida gratuitamente e as restantes têm de ser compradas.
No futuro próximo, tudo indica que a refinaria de Sines, as centrais de ciclo combinado a gás natural com combustíveis fósseis e o sector cimenteiro continuarão a dominar o ranking das maiores unidades empresariais emissoras de dióxido de carbono, a par do crescimento do sector da aviação.
A análise da Zero faz parte do projeto LIFE EFFECT, financiado pela Comissão Europeia, que visa promover uma maior participação da sociedade civil nos processos de decisão e monitorização, garantindo que o CELE beneficia não só o clima, mas também as pessoas.