Os dados são do Instituto Nacional de Estatística(INE), disponibilizados ao ECO, e revelam ainda que, nos primeiros três meses do ano, as exportações totais portuguesas aumentaram 7,7% em termos homólogos e as importações subiram 7%. No entanto, os números escondem detalhes sobre a relação comercial com os Estados Unidos, que parece já refletir o efeito das tarifas.

Nas compras norte-americanas, registou-se um crescimento de 30,5% entre janeiro e março, face ao mesmo período do ano anterior. O peso dos EUA no total das importações portuguesas nos primeiros três meses do ano aumentou de 1,8% para 2,2%.

Este desempenho foi influenciado pelo aumento de 44.305,9% nas importações de cereais, produto que passou de representar 95,9 mil euros no primeiro trimestre de 2024 para 42,6 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano. Ou seja, se no período de referência este bem não tinha qualquer peso no total de bens importados por Portugal dos EUA, agora pesa 7,2%.

Excluindo os combustíveis e óleos minerais, que subiram 8,95% e representam 43,7% do total de bens importados dos EUA, as importações de máquinas e equipamentos subiram 253,2%, para 53,56 milhões de euros, com um peso de 9,1%, e as aeronaves e equipamentos especiais 951%, para 36,7 milhões de euros, com um peso de 6,2%.

Considerando apenas o mês de março, destaca-se o aumento homólogo de 115,8% para 190,2 milhões de euros, embora tenha caído 28,9% em termos mensais.

Exportações de medicamentos e mobiliário dispararam

As vendas de bens para os Estados Unidos ficaram ligeiramente abaixo das registadas no primeiro trimestre de 2024, fixando-se em 1,313 mil milhões de euros. O peso dos EUA no total das exportações portuguesas também se deteriorou, passando de 6,8% no primeiro trimestre de 2024 para 6,2% nos primeiros três meses deste ano.

Entre os principais bens, registou-se um crescimento de 32,1% no primeiro trimestre face ao mesmo período do ano passado nos produtos farmacêuticos, que valeram 463,8 milhões de euros (quando descontadas as transações a dinheiro ou na sequência de trabalhos por encomenda, o valor é inferior: 399 milhões), com um peso de 35,3% no total das exportações para os EUA, e de 31,9% nos móveis e colchões, para 39,2 milhões de euros.

Estes aumentos não foram, no entanto, suficientes para compensar a quebra de 43,8% nos combustíveis minerais e óleos minerais, para 133,4 milhões de euros. Registaram-se também quedas de 19,6% nas máquinas, aparelhos e materiais eléctricos, de 19% nos reactores nucleares, caldeiras e máquinas, de 13% nas obras de ferro fundido, ferro ou aço e de 18,3% no ferro fundido, ferro e aço.

Isolando o mês de março, verifica-se que as exportações portuguesas para os Estados Unidos caíram 8,6% em termos anuais, para 565 milhões de euros, mas subiram 34,8% em termos mensais.