Só em Lisboa, a zona mais polémica do país no que diz respeito aos espaços de arrendamento de curta duração para turistas, prevê-se que os registos diminuam de 19.000 para 11.000 a 12.000. Este processo de limpeza é visto com otimismo pelos responsáveis do sector, quer para criar uma base de dados mais fiável e realista, quer para desfocar a narrativa da pressão sobre o mercado imobiliário.
Sobre este assunto, Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal(AHRESP), considera que se trata de uma "distorção" que "tem efeitos práticos relevantes". "Inflaciona artificialmente o número total de estabelecimentos de arrendamento de curta duração, alimentando narrativas de que há uma pressão excessiva sobre a habitação", refere a responsável, em reportagem do Jornal Económico.
Segundo Ana Jacinto, os muitos registos inactivos de arrendamento de curta duração acabam por contribuir "para uma perspetiva inflacionada do sector e serviram também de base a leis que não podiam, nem podem, ser feitas a partir de dados descolados da realidade". "Com a clarificação estatística, o sector ganha uma base de dados mais fiável e mais ajustada à realidade", acrescenta.
A principal associação do sector, a Associação do Arrendamento de Curta Duração em Portugal (ALEP), diz que a atualização dos registos de arrendamento de curta duração só começou em março deste ano, um processo que deveria ter começado mais cedo. E deverá estar concluído até ao final do ano ou início de 2026.
"No final de 2023, com a lei 'Mais Habitação' mal redigida e cheia de ilegalidades, o sistema não estava a funcionar, o que impediu os municípios de o limparem. A base de dados tinha uma estimativa de mais de 40.000 registos inactivos. Há alguns anos que vínhamos alertando para o facto de estes dados não corresponderem à realidade", afirma Eduardo Miranda, presidente da ALEP, citado pela publicação.






